quinta-feira, 22 de maio de 2014

Hum.

Não te sei escrever, ou sei e não quero perceber. É difícil alinhar as ideias quando tantas delas me chegam à memória. Não te sei escrever, ou será que não me sei escrever a mim mesma? É poético pensar assim, com as ideias desalinhadas num horizonte acidentado como é o desta cidade. Não me sei escrever. Não me/te sei escrever (?) Se calhar é isso, não nos sei escrever. Mas plural? Porquê plural? Baralha-se-me a mente. É isso, não tenho dúvidas de que a culpa é tua porque me atrofias os disparos neuronais. Foda-se, sempre disse que não sabia falar de amor, mas se calhar não sei falar de coisa nenhuma. Escrever, afinal é escrever. Tenho letras à frente, frases pré-concebidas, clichés mil que podia citar. Mas não quero escrever de amor, é dele que hoje não morro e talvez por isso te culpe. Culpo-te o facto de não ser de amor que quero escrever. Talvez queira falar de ti em mim, mas para isso desenvolveria todo um filme obsceno. Será? Não posso parar, porque - olha um - "parar é morrer". Não podia ser melhor altura de chegar a esta parte deste turbilhão. O computador, que toca uma playlist totalmente aleatória, toca-te a ti. Merda. Será que quero falar de amor? Não, falaria de encantamento. Talvez de pornografia. É isso que me lembras. Sexo. Mas lembras-me sorrisos e músicas. És um atrasado, e não és um idiota tanto como gostaria. Já estou a descambar a conversa, pois estou. Talvez não seja sobre ti que quero escrever, e não é. Está-me a saber bem simplesmente deitar dedos às teclas e divagar. Há quem diga que essa é das melhores particularidades no meu ser, o começar em Lisboa e acabar em Plutão. Pobre Plutão que já nem planeta é. Não te sei escrever. Ok, já percebi que não te quero escrever. Não sei quem és tu e porque te quereria escrever. O cigarro apagou, mais uma vez. Não te sei escrever. Ok, já percebi que não te quero escrever. Não sei quem és tu ou porque te quereria escrever. O cigarro apagou, mais uma vez. Alguém ao meu lado trauteia uma música da minha adolescência e eu inconscientemente, trauteio também. Sou uma miúda, é o que toda a gente diz, que não tenho idade de gente. Cambada de velhos e gastos amorosos. Passaram-se anos, sei cantar isto. Talvez queria escrever. A mim, ou a ti, ou a eles. Talvez queira escrever ao Passos Coelho em sentido de revolta, ou a alguém de quem gosto para o relembrar disso mesmo, ou talvez escrever a um desconhecido e lançar um balão com um papel agarrado como quando era criança. O cigarro apagou novamente, a música mudou, alguém me chamou. São 20 para as 2, ninguém me chama a esta hora. Já vou. 

"A noite é das putas, dos poetas e dos que morrem de amor"

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