quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Namorados a prazo

Acordei com aquela sensação - sensação que me diz que algo mudou.

 "Fica comigo, este mês"

Não sei como o descreva, o que diga, como diga, muito menos o que sinta - sinto-me, já sei! Menina, miúda! Pequena, inocente - mas aqueles olhos, aquela mente, tudo o que me liga a tal presença, aquela pessoa (incluir todos os insultos disponíveis em stock). Devia ter sido mais cedo, diferente, não ter fim previsto, não ter um prazo.


São 18 horas, sentada no MeatMe de volta de Microeconomia, cadeira leccionada pelo Einstein versão portuguesa. Surge no separador ao lado uma janela de conversa. Como diz a outra: está sempre alguém a falar comigo. Tínhamos um jantar marcado faz para lá de mês; depois um cigarro - íamos beber café e fumar um cigarro, estava para lá de um mês. Aceite.

(...)

São 20 horas, sentada no Cais do Sodré a ouvir Portishead, a divagar pela mente e ver pessoas, apenas corpos a passar - fui cobrar o café que ia já para além de um mês. Espero, espero, espero, chegou. Movimentos e passos, rumo ao café.

Mafalda: Foda-se, namorar? Para discutir? Bater com a cabeça na parede? Não tenho tempo para isso.
(risos da 2ª pessoa neste diálogo)

(...)

São 23 horas. Continuo sentada no Cais do Sodré, agora acompanhada depois de um café; por ele, e por uma garrafa de vinho. É domingo à noite, celebro vida e boa companhia. A conversa desenvolve-se com a maior das facilidades, sinto-me fascinada com a complexidade e compatibilidade que sinto (algo vai correr mal).

São 23 horas e 30 minutos. 
"Fica comigo, este mês."

(...) 

São 10 horas da manhã. Isto correu bem para o meu lado. É assim que sem qualquer pista ou desconfiança, vemos uma hipótese nascer. E o prazo? O prazo chama-se emigração, que chega daqui a um mês. Foda-se, lá azar tenho eu. Até lá?

Liliana: Onde estás sardinha?
Mafalda: Com o meu namorado.


Beijinhos,
She versus Say

1 comentário:

  1. Corajosa!! A maioria tem medo do amor, da entrega, dos "se" que podem surgir perante a pressão da ampulheta. Tu não, decidiste viver, arriscar, ansiaste ver no que dá, coleccionar mais algumas memórias... gosto disso!

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