quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Saudade Humana #1

Chego a casa cedinho depois do café. Escolhi o Garden para me sentar com a Liliana e estruturarmos em conjunto o plano para o dia de amanhã. Ligo o Facebook, e 'tu ru ru', apita. 

Liliana: Tens sempre alguém a falar contigo;
Mafalda: Shiu, é o R.


Foi de pequeninos. Nascemos e crescemos na mesma pequena cidade, rodeados de gente igual. Nascemos e crescemos com ideias diferentes, no meio de tanto, tanto igual. E foi isso que mais tarde decidiu a nossa amizade: as diferenças.
Eu nem queria acreditar que anos depois de termos saído dali, nos encontramos por mero acaso; aqui mesmo, à minha porta. Nasceu qualquer coisa com aquele 'Temos que combinar um café'. 


És e serás sempre o meu bailarino, o meu R., o que me deixa mais saudades, o que fez de mim pela primeira vez, a Dorothy que sou. Tenho tantas saudades das nossas coisas, de tudo. Hoje lembraste-me disso, com aquela conversa.
R: Lembrei-me de ti, hoje. Estava a pensar em nomes para a minha próxima peça;
M: Conta;
R: Lembrei-me da PG. E pensei logo em ti, e eu a dormir no colchão ao lado. A falar até não conseguirmos manter os olhos abertos.
M: És eterno. E o colchão ainda te espera.
(...)


Lembro-me da altura em que me disseste que ías emigrar, e Holanda era o destino para já. Deu-me um aperto; seriam milhares de quilómetros de distância que nos passariam a separar. Mas não podia deixar de te apoiar, de te incentivar a ires e melhorar as tuas hipóteses, as tuas chances de vencer. Eu estaria - e estarei - aqui para te aplaudir, sempre.
Por isso abracei-te antes da partida, falei contigo à chegada. Ainda me lembro da dor que dizias sentir ao chegar sozinho a um país diferente com uma língua estranha, ainda me lembro de sentir por ti um aperto enorme - queria ajudar e não podia. Sabia que te ias virar, muito mais rápido do que achavas. A prova estava em 3 dias depois já teres um sorriso de novo. Eu sabia...


De certa forma, vejo a tua partida como um sinal. Crescemos, a verdade é essa. Então agora, em vez de esplanadas com café, sentamo-nos em Lisboa a beber uma bela garrafa de vinho, num sítio calmo e giro, in da metrópole Lisboeta, enquanto pomos novidades em dia e recordamos o passado.

Lembro-me de tudo. Tudo é muito, mas é tudo mesmo.


X.o.x.o,
Dorothy

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